Cleber Santos, da Comport Pet e especialista em comportamento animal, traz alertas e orientações
Para cada 10 pets, quatro apresentam algum quadro de ansiedade, depressão ou autoflagelação. Essa é a média relatada por Cleber Santos, especialista em comportamento animal e CEO da Comport Pet.
Tristeza x Depressão x Autoflagelo
Segundo ele, o agravamento da ansiedade para um quadro depressivo é comum, pois os sinais de socorro nem sempre são percebidos. Mudanças de comportamento, como desobediência, agressividade ou agitação, podem ser interpretadas pelos tutores como formas de “chamar a atenção”. Cleber destaca a importância de diferenciar a tristeza da depressão. “Sintomas depressivos incluem falta de apetite, apatia, inatividade, pouca afetividade, sono excessivo e falta de vontade de brincar. O autoflagelo, resultado da ansiedade, manifesta-se por comportamentos autodestrutivos como morder ou lamber excessivamente, podendo levar a machucados”, explica.
Nos casos de depressão e autoflagelo, é recomendado buscar ajuda profissional de um especialista em etologia, zoopsiquiatria ou medicina veterinária comportamental. Terapias complementares como musicoterapia, cromoterapia, acupuntura, florais, cannabis, entre outras, podem promover bem-estar físico e psíquico nos animais, reduzindo os efeitos colaterais de medicamentos convencionais.
Conheça mais essas terapias
Musicoterapia e Cromoterapia: Cleber Santos cita que foi o precursor da musicoterapia para cães no Brasil. Após um período de estudos no Canadá, o especialista inseriu na rotina de sua creche animal as sessões de musicoterapia com cromoterapia. Em suas sessões diárias, reproduz sons de piano, sax e violino, proporcionando relaxamento e concentração aos animais. “A cromoterapia complementa o processo, promovendo um ambiente propício ao equilíbrio mental. Resultados visíveis incluem a redução do estresse e a integração harmoniosa entre animais”, complementa o especialista.
Cannabis para Pets: Segundo Claudia Passos, veterinária na Comport Pet, em cães e gatos o CBD é frequentemente usado por suas propriedades anti-inflamatórias, analgésicas e ansiolíticas, podendo aliviar a dor, reduzir a ansiedade e auxiliar no controle de convulsões. Além disso, tem benefícios no tratamento de condições como osteoartrite e distúrbios neurológicos. No entanto, ela salienta o cuidado no uso em pets: “o THC, por exemplo, é tóxico para cães e gatos em determinadas doses, e pode causar efeitos adversos graves. Por isso, produtos de cannabis para pets devem ser formulados de maneira a evitar a presença de THC. A supervisão de um veterinário é essencial ao considerar o CBD para animais de estimação, tanto para garantir a dosagem adequada quanto para evitar interações com outros medicamentos, intoxicação e efeitos adversos”, destaca.
Terapia Floral e Acupuntura: Terapias com florais e acupuntura, prescritas por veterinários qualificados, também são uma opção acessível para pets. Sobre os florais, mais popularmente conhecidos, muitas vezes eles são receitados tanto para o dono quanto para o cachorro. Já no caso da acupuntura, muitos se perguntam como segurar um cão ou gato em uma sessão de agulhadas. O especialista conta que a chave é o condicionamento. “Muitos animais não deixam de primeira. Com paciência, eles vão relaxando. E vale muito a pena, a contribuição nos processos regenerativos é significativa, assim como na recuperação de cirurgias ou tratamentos para paralisias, AVCs, convulsões, tendinites, gastrites, cistites e para amenizar sintomas da quimioterapia”, explica Cleber.
O especialista completa que todas essas terapias não possuem um prazo definido e que, para muitos tratamentos, a média é de seis meses ou, em casos complexos, é necessária a continuidade.
A construção de uma cultura da saúde mental inclui nossos cães, gatos e demais pets. Essas terapias alternativas oferecem abordagens eficazes para promover o equilíbrio e bem-estar emocional dos nossos animais de estimação.